terça-feira, 24 de março de 2015

Viajem para a Lua

De que me serve tudo isso?
Nada adiciona e, francamente, sinto que me subtrai.
Subtrai-me o ar livre e a luz do sol,
Dos quais não sinto falta, mas subtrai-me também a luz das estrelas,
E a face da lua que se esconde entre as nuvens.

Sobra-me só a chuva, e só por que ela força os animais para dentro de suas tocas.

E tudo tem lágrimas demais, e opiniões,
E as verdades já as conto em mais de 7 bilhões,
Absolutas, mas efêmeras como as gotas da chuva.
E minha verdade, que só é verdade na metafísica das verdades,
Se encolhe solitária em nossa toca.

E são emoções, que se confundem com razões,
Que se trocam por desejos e se perdem em argumentos,
Todos já perdidos.
E meus argumentos, que não se tomam por nada mais,
Subtraem-se de seu valor inerente.

Mas as nuvens abrem um pequeno espaço,
E o olho bom da lua de Méliès me espia,
Me dizendo que tudo é ficção e fantasia,
E que aquele que só é dotado de lágrima e opinião,
Aquele feito só de verdades e emoção,
É a pessoa verdadeiramente vazia.
E que quanto mais subtraem do que de mim está fora,
Mais se prova que em mim contenho todas as curvas do mundo.

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