segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Então... Vamos dançar?

Dancemos, por ontem e por hoje. É uma valsa falsa, uma despedida cálida. Dancemos uma música lenta, ao som da marcha fúnebre que honra tudo o que morreu.

O toque não cai bem. As peles não combinam, as mãos não se encaixam. Os olhos não conseguem se encarar... E eu sinto asco de estar com você agora...  Meu corpo te rejeita, minha mente grita, minha alma se contorce em desespero.

E eu corro....

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Te entrego minha derrota.
Na bandeja de prata, minha cabeça,
Na ponta da faca, meu pescoço.
Não tenho nenhuma canção de vitória,
Que tenha seu nome.

Entrego-lhe livremente minhas glórias,
Voluntariamente, me curvo e lhe saúdo.
Te reverencio, vencido,
Por ter ganho sem ao menos ter lutado,
Por ter ganho sem haver me combatido.

Essa sua arma secreta faz de mim,
Do meu próprio corpo, sua baínha.
Você não a saca e ela me corta
E não há armadura que impeça o golpe,
E eu caio...

E de joelhos lhe entrego sua Vitória
Você nem mesmo sabe que houve uma luta!
Mesmo assim, sempre soube que a conquista era tua.
Já que não tenho contragolpe que lhe possa tocar.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Para Kawabata, com devoção.

Qual é o som da montanha? Qual a súplica da raiz profunda que não se move jamais? O que deseja aquilo que não muda?

Aonde vai parar o sopro do vento?
Aonde vão todas as almas humanas?

Qual foi a vista que nunca se viu? O conhecimento que se perdeu? O segredo que não se revelou? A criatura que não nasceu?

Quem teve uma vida e não a viveu?
Quem teve emoção e não a aproveitou?

Qual foi a terra que não se pisou? Qual foi a fonte que não se provou? Qual foi o toque que não se sentiu? Qual foi o som que nunca se ouviu?

Qual é o som da montanha?