quarta-feira, 8 de setembro de 2004

Antigas Escrituras #3

Mais uma vez? Não, não quero! Pelos campos cinzas da derrota eu não vou rondar! Meu canto se esgota enquanto eu fico ansioso esperando o que não vai poder chegar e, ao ver que não vou a lugar algum, minha alma negra se esconde mais ainda do sol brilhante. Meu espírito tingido por anos e anos da mesma história que se repete entra de vez na noite eterna. Eu não saio mais daqui. Me condeno e me amaldiçôo pois tudo dá errado. Nada chega, nada vai. Por nenhum outro campo me permito cavalgar. Mas que vontade eu tenho de sentir o toque da grama verde e do orvalho doce! Queria que a noite me molhasse de sereno, não de lágrimas, e queria que o destino não usasse minhas próprias armas para me ferir, me matar. O futuro, meu inimigo. O passado, minha dor. O presente, minha agonia. Eu me pergunto: se o tempo a tudo vence, quanto tempo mais poderei eu resistir à mim mesmo? Meu peito explode a cada batida de meu coração quente, tão cruel comigo. Mas é bom se sentir despedaçado quando sua integridade é questionada. Eu sou a fonte de meus problemas e seus agravantes! Eu englobo todos os motivos de minha dor. Serei eu, porém, a cura? Não! Sou pestilento e tóxico e podre e vil. Não conheço sonho, sou vazio. Não tenho para onde ir, voltar ou ficar. Do nada, nada surge. Meu inimigo, o Futuro Vazio, quem sabe não exista mais, mas eu não posso vencê-lo! Pelos campos cinzas da derrota eu vou vagar, mais uma vez, para todo o sempre, além do resto dos meus dias.

Amém.