sexta-feira, 26 de setembro de 2003

Essas palavras podem ser o último sopro de insanidade que me garante certa genialidade, grande brilhantismo... Parece que agora existem duas partes em mim etermamente conflitantes: aquela parte diferente das outras pessoas, a parte desperta, fria, radamânica, beyond, sobrenatural, genial, superior e a parte comum, humana, com sentimentos, ordinária, atarefada... São partes conflitantes dentro de mim, mas sempre a primeira se manteve mais forte e aniquilou a última... Mas agora não mais...

Eu me digo que me torno normal não em meus atos e ações, mas em meus pensamentos, opiniões, sentidos... Havia um tempo em que eu poderia fazer tudo, que eu simplesmente podia... Mas hoje não mais... Eu sinto que agora conheço minhas limitações, mas a parte antiga diz que eu as estou criando, pois elas não existem...

A parte antiga quer voltar, a parte normal não aceita, acha tudo que eu fazia antes muito ilógico, apesar de sempre ser baseado na lógica... É claro que isso não se torna nenhum paradoxo, visto que hoje não tenho mais a capacidade de entender meus pensamentos de outrora... Não sei se poderei voltar a ser o que era, só o tempo dirá...

Tempo... Antes isso não importava em nada... Eu conseguia ver além dele, no futuro e no passado... Eu compreendia as relações causais ocultas e nem sempre tão visíveis, eu podia manipular os pensamentos de muitos, eu podia, podia tudo! Não havia o que escapasse da minha compreensão! Agora minha visão é tão limitada que eu compreendo apenas o que eu posso ver e não atravesso mais o plano do óbvio...

Eu sinto essas forças sendo minadas dentro de mim de uma maneira tão profunda que, mesmo com todo o meu empenho e vontade, eu não consigo voltar a ser o que era...

Vou ter que reaprender tudo... Vou ter que nascer outra vez...

quarta-feira, 24 de setembro de 2003

Joguei tudo pro alto, para dentro do precipício. Um de meus nomes morreu, unindo-se a tantos outros antes dele. Mais esse nome deixa um fantasma, ocupando com o vazio o espaço deixado. Em meu cemitério não surgem belas flores.

O mar abaixo das falésias sussurra meus nomes, minhas verdades, minhas mentiras e minhas fraquezas. A espuma branca tem meu rosto, o sal tem meu gosto e a maré me chama para pular. A chama em mim se acende, eu sei que a água fria iria me engolir e que a espuma me cobriria num turbilhão efervescente de alívio eterno. Afinal, eu entendo de turbilhões, sou um deles. A cada onda, a espuma mostra um rosto diferente, mas todos ainda são meus.

Meus olhos ardem, minhas pernas latejam. Não tenho coragem de pular, nunca terei. Está na hora de lamentar o que perdi e de me arrepender por ter aberto mão de tudo. Está na hora de descer as pedras, recuperar todos os pedaços que sobraram e chorar pelos pedaços que a maré levou.