sábado, 28 de agosto de 2010

Coin-Operated Boy

É um fato da vida: Uma hora ou outra, todos nos encontramos vulneráveis, e coisas que outrora foram banais passam a te atingir como aríetes e te deixam todo sentimental. No meu caso, ainda adiciono "sentimental, introspectivo e atirado nos cantos".

Eu fico, então, no meu canto escuro, imaginando por dias a fio o que têm esse poder de alterar tanto meu estado de espírito? Por qual fresta em minha armadura essa influência se aproxima, por onde começa a me despir?

Não que eu esteja reclamando, que fique bem claro. É o que me faz sentir que ainda estou vivo, de tempos em tempos! Mas eu também fico curioso, se existe um botão, um gatilho simples que inicie esse processo, algo que eu desconheça completamente.

Talvez, de tempos em tempos, na vida de todos nós, aparece alguém com a moeda certa para nos fazer funcionar...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Starless Night

I am sorry for this starless night.
I apologize to you.
I brought forth a darker sky of my own making,
and didn't offer you any light.

I am so sorry that the heavy clouds have covered the moon.
They have hidden it away.
You have been longing for that beacon of hope to come out...
But it won't.

I regret to inform you that the dawn is not coming.
Not so soon.
I've pushed the sun down below the horizon, just to make my perfect night a little longer.
Once again, sorry for taking away your light.

But don't you worry.
I'll ask the lighting to come down.
It will shout to greet us and show us around.
And the warm rain will take away the cold.
I'll make the heavens cry for you!
In this shower of tears and blood, we will bath.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

As Deliciosas Receitas dos Bandejões Universitários #1



Receita Deliciosa de Hoje:

Feijão do Bandejão





NOTA: O Necrochorume, também chamado carinhosamente de "Caldinho de Defunto", é um resíduo líquido da decomposição de corpos humanos e animais em geral. Até hoje, acreditava-se que o Necrochorume era tóxico e que contaminava o solo de maneira permanente... Eu, porém, após anos e mais anos de pesquisas (e de cheirar alguns rolos de Papel Higiênico), descobri que tal líquido pode ser usado de maneira quase segura na culinária! Hoje publicarei a primeira receita, que vocês podem encontrar em meu novo livro "15.500 Receitas Deliciosas com Necrochorume", publicado pela editora "Vai com Deus"! Vamos lá!






Feijão do Bandejão

Ingredientes:

1,5 Ls de Necrochorume
500 g de Uréia
250 g de Salitre
500 mL de Água sanitária
1 kg de Feijão de qualquer tipo.
1 Bode

Modo de preparo

Misture o Necrochorume com a uréia e a água sanitária num panelão de Alumínio meio amassado. Deixe ferver e misture sem parar, para remover o odor um tanto quanto acre, que lembra vagamente um caso grave de chulé, do necrochorume.

Para amaciar o feijão antes do cozimento e dispensar assim o uso de uma panela de pressão, faça com que o bode coma o feijão. Recolha posteriormente as fezes do animal e atire-as inteiras na panela com o Necrochorume. As fezes irão se decompor e restará apenas o feijão, macio, tenro e com um sabor muito especial.

Espere a mistura ferver novamente, então atire o salitre, pimenta, cheiro-verde e qualquer tipo de tempero que for de seu gosto. Um talho ou outro de bacon (sempre amanhecidos fora da geladeira, debaixo de sol forte) vão bem, garantindo sustância ao prato.

Deixe cozinhar por uma hora e está pronto! Fácil, rápido e, hummmm, delicioso!

Me as Shadows

A lightning bolt comes out of my mind, and it rips the sky open. A lonely night, flickering light. I have to admit, I only made it so brief to light the awful shapes in your imagination. Now, you think you saw what you only feared.

I twist the shapes inside your eyes. I make you see what you don't want to see. A perfect illusion, as no man would believe seeing something perfectly good, but would never doubt seeing something perfectly bad. The salty water will only make it all worse.

I dig two hands into your soul and pull out what you've hidden the deepest. In the surface, it will grow. In the surface, you will see all faces of it. And you will shiver, you will feel like your own spirit is no longer by your side. And that will not be far from the truth.
Into the dark, darkening night, a gentle breeze comes from skies high and sweeps down the faces of men. The cold that creeps over their skins is not akin from those that craw up your spine as you walk into a cemetery.  Yes, that cold breeze is the same cold breath from the dead.

But this air that I feel has something incredible; this air that can fill my lungs also fulfills my soul and some hunger I no longer remembered I had. And I see in the dark sky a blacker mass that the wind brings in skies high: the roar of thunder, the cloud of rain, they are reaching out to me again. My perfect storm, for so long away, it is returning to where it came to fill my lungs and feed my soul, my hunger for power and purpose.

It is welcome, the storm can feel it, the sizzling wind sweeps up my face and I feel its powerful embrace. It recharges me and I am born anew, to see the world in a way that I alone knew how. The electric blue of lightning touches my skin and is transformed into a golden gleam. The hurricane sharpens the blade in my right hand, so sharp it can cut a thought before it is had. The rain arrives and washes away the pieces of past that cling on to me, memories of the time I forgot who I was.

And the breath of the dead that brings the cold, to me is the mark of greater events to unfold in this world that, once again, I am able to see. And nevermore shall my storm be swept away from me!

Verborragia exagerada tira o brilhantismo da coisa...

Bens fabricados em linhas de montagens, ao estilo Henry Ford, nunca tiveram tanto brilho ou valor quanto aquelas pérolas únicas, trabalhadas individualmente. Mais vale o "feito à mão" do que o "Made in China". Prefiro a Ferrari ao Ford T.

Ok, nada de genial até aqui, pode-se argumentar. "Isso não passa de senso comum", diz o chato, e eu estou de acordo.

O que me fez pensar nessa idéia por outro ângulo hoje foi encontrar uma blogueira pelos caminhos do mundo e ler o que ela dizia. Um post do meio de Agosto. O anterior, do fim de Junho. Comentei com ela sobre o vão entre as atualizações e sua resposta me soou familiar:

"Um pouco de medo de acabar deixando o conteúdo meio banal, sabe?"

Familiarizado que sou com esse conceito, logo me lembrei do medo que ela mencionou: o medo de deixar a verborragia exagerada tirar o brilhantismo da coisa. "Eu já caí nesse erro antes", pensei com meus botões, e fui reler os arquivos antigos, com os olhos de quem espera encarar na face os fantasmas dos erros passados. Muitos textos curtos, sem significado, falando sobre as banalidades da vida, que a ninguém interessam. Piadas sem graça, comentários inúteis, que só fazem poluir aquelas outras produções das quais eu me orgulhava: Os textos sombrios, pesados, líricos, cheios de significados ocultos.

Eu fiz uma escolha naquela época: Manter o hábito de escrever vivo, com novidades, por mais ínfimas que fossem, para manter as pessoas frequentando meu canto, na espera da aparição da próxima Prima Donna dentre todas as outras cantoras baratas de cabaret.

Essa escolha foi um erro.

Conteúdo barato, inútil, apenas afasta e denigre a imagem. O criador não pode ser descaracterizado por sua criação: sua ausência prolongada gera curiosidade, expectativa, e não frustração. O escritor é parte da sua obra, da sua mística, e transformar o autor em algo comum, em "apenas um entre tantos" (como fazem os pequenos relatos de mediocridade) limitam o impacto daqueles textos que almejam ser diferentes, profundos, artigos raros que ninguém mais poderia criar.

Encontrei, também, um terceiro tipo de obra, aberrações tristes e frustradas: os textos que não eram nem banais e nem originais, apenas produtos de uma inspiração artificial. Os batizei de posts-Homúnculos. Eram os frutos de meu chicote sobre mim mesmo, ao me forçar a produzir algo artificialmente. Desta alquimia barata, de pouco me orgulho.

Enfim, os anos se passaram, a necessidade por público decaiu. Quem sabe agora, com a paciência que a idade nos dá, eu não consiga superar o instinto de manter as linhas de produção constantemente abertas?

Será que agora os longos períodos de silêncio não irão mais me constranger?