quarta-feira, 24 de setembro de 2003

Joguei tudo pro alto, para dentro do precipício. Um de meus nomes morreu, unindo-se a tantos outros antes dele. Mais esse nome deixa um fantasma, ocupando com o vazio o espaço deixado. Em meu cemitério não surgem belas flores.

O mar abaixo das falésias sussurra meus nomes, minhas verdades, minhas mentiras e minhas fraquezas. A espuma branca tem meu rosto, o sal tem meu gosto e a maré me chama para pular. A chama em mim se acende, eu sei que a água fria iria me engolir e que a espuma me cobriria num turbilhão efervescente de alívio eterno. Afinal, eu entendo de turbilhões, sou um deles. A cada onda, a espuma mostra um rosto diferente, mas todos ainda são meus.

Meus olhos ardem, minhas pernas latejam. Não tenho coragem de pular, nunca terei. Está na hora de lamentar o que perdi e de me arrepender por ter aberto mão de tudo. Está na hora de descer as pedras, recuperar todos os pedaços que sobraram e chorar pelos pedaços que a maré levou.

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